Sim! Monty Python sofreu muita censura!
Nem só de risadas viveu o Monty Python.
Se hoje em dia o politicamente correto corre solto pelos humores do mundo, nos anos 1960 e 1970 também existia essa bosta de censura coisa maravilhosa que serve para deixar o mundo mais lindo.
Ver Mais Em: A censura no filme ‘Em Busca do Cálice Sagrado’
Por exemplo, no dia 15 de setembro de 1970, foi ao ar, na BBC, a segunda temporada da série Monty Python’s Flying Circus.
Como a primeira temporada não tinha sido muito bem engolida pelos executivos, que não tinham entendido o que era aquela série, mas não podiam cancelá-la (pois os salários já estavam pagos), então eles resolveram abrir mais os olhos e colocaram a tesoura da censura para funcionar em alguns esquetes.
PÕE NA TESOURA
Na animação “Conto de Fadas”, de Terry Gilliam, um príncipe descobre uma mancha preta no rosto, mas a ignora por achá-la bonita. Três anos depois, ele morre de câncer.
A BBC achou melhor eles pegarem leve, e então, Gilliam acabou usando o termo “gangrena”.
Logo depois, uma animação em que Cristo foi crucificado em um poste de telefone também foi cortada.
POLÊMICA
Mesmo com o estrondoso sucesso da série, os executivos da BBC realmente tinham algumas “decisões de censura bastante ridículas contra o Monty Python”, segundo Michael Palin.
Na terceira temporada da série, eles brigaram “para termos o direito de dizer a palavra ‘masturbação'”.
Era o esquete da Competição de Resumo de Proust, cujo competidor tinha como hobbies “estrangular animais, jogar golfe e se masturbar”.
Então, a BBC cortou a palavra polêmica, e foi ao ar a frase “Meus hobbies são estrangular animais, jogar golfe…”. Aí tinha uma pausa, e logo uma enorme risada. Então ficou parecendo que a risada era para o fato dele jogar golfe.
Segundo Palin, o que tem de tão engraçado em jogar golfe?
Durante uma reunião para decidir se cortariam essa cena, Idle contestou o diretor-geral da BBC, Charles Curran, e disse, sabiamente: “Todo mundo se masturba. Não se masturba, senhor?”
Idle não recebeu nenhuma resposta, e a série quase foi cancelada naquele mesmo momento.
TESTÍCULOS
Oito meses antes do lançamento do filme Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado, o responsável pela censura da BBFC (organização inglesa responsável pela classificação de filmes), Tony Kerpel, acompanhou uma pré-estreia do filme e aconselhou que ele fosse marcado para maiores de 14 anos.
A conversa resultou numa carta em que o produtor Mark Forstater explica a situação ao co-produtor Michael White.
Ele conta ao companheiro que a classificação do filme pode ser amenizada se cortarem alguns diálogos contendo palavrões, menções a Jesus Cristo, sexo oral e as falas “Eu solto um peido em sua direção” e “Faremos castanholas de seus testículos”.
Na época essas partes foram cortadas, mas acrescentadas anos depois, para nossa alegria.
JESUS
É claro que, o filme mais controverso de todos, A Vida de Brian, também estaria aqui.
Não pelas acusações de blasfêmia e protestos de alguns grupos religiosos, mas por causa de um nazista.
O quê? Como assim?
Acontece que o filme teria um personagem nazista, chamado Otto, que falava com sotaque alemão e gritava acusações de “impureza racial”.
Interpretado por Eric Idle, ele pode ser visto no filme, numa das cenas finais, quando Brian já está crucificado e o Esquadrão Suicida (da Frente Popular da Judeia) aparece para “salvar” os crucificados.
O historiador David Nash, da Universidade de Oxford, disse que a remoção das cenas do filme do Monty Python representou “uma forma de autocensura”, e a sequência de Otto foi cortada “no interesses de suavizar a forma de distribuição do filme”.
SEM SENTIDO
Com o filme O Sentido da Vida foi a mesma coisa, mas um pouco mais branda.
O que aconteceu foi que a Irlanda proibiu o filme em seu lançamento original, mas depois o classificaram para 15 anos.
No Reino Unido, os censores classificaram o filme para 18 anos, quando lançaram no cinema e em sua primeira versão em vídeo, mas reclassificaram para 15 anos, em 2000. Nos Estados Unidos, é classificado como R (Restrited/Restrito).
SHOW DE RETORNO
E agora, a pièce de resistànce: o show de retorno, Monty Python (Quase) Ao Vivo também sofreu censura.
Quando transmitiram o show na televisão inglesa, no dia 20 de julho do ano passado, vários fãs perceberam alguns cortes nas piadas e palavrões, e resolveram reclamar.
A Ofcom prometeu investigar o caso.
Ofcom é a agência reguladora das indústrias de comunicação do Reino Unido, ou seja, é ela quem decide o que pode e o que não pode aparecer na televisão de lá.
Todos os nossos licenciados são obrigados a cumprir as nossas regras de transmissão, o que torna claro que a linguagem mais ofensiva não pode ser exibida na televisão.
É, meus amigos, não tá fácil pra ninguém!