Cotidiano

Sabe o que Monty Python tem a ver com Spam?

Todo mundo sabe que o carro-chefe do Monty Python era a série Flying Circus (1969-1974).

E todo mundo também sabe que o termo “Spam” (aqueles emails em massa que só servem para encher a sua caixa postal) veio de um esquete dessa série.

monty python spam flying circus

Mas você sabe como foi que aconteceu?

GUERRA

Durante os anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico teve que reduzir a quantidade de comida trazida do exterior, já que existia o perigo dos submarinos alemães atacarem os navios.

Foi então que o governo instituiu um sistema de racionamento de alimentos. Isso daria a certeza de que cada pessoa receberia a mesma quantidade a cada semana.

Todos os caras do Monty Python viveram essa época triste.

Não havia supermercados e, quando as pessoas queriam comprar comida, os lojistas riscavam os itens adquiridos da lista de racionamento de cada família. Praticamente todo tipo de comida era racionada, como bacon, manteiga, açúcar, carne, queijo, ovos, tomate e arroz, entre outros.

Para se ter uma ideia da situação, alguns alimentos continuaram racionados até mesmo depois do fim da guerra, como a carne (a carne de cavalo não era racionada). Em 1946, o pão foi adicionado à ração.

O único alimento que tinha em abundância era presunto apimentado, de uma marca vinda dos Estados Unidos. O nome do presunto? Spam (sigla para spiced ham, ou seja, presunto apimentado).

spam

Quando a série Monty Python’s Flying Circus entrou em sua segunda temporada, os pythons tiveram a ideia de satirizar aquele momento de racionamento de comida, criando um dos esquetes mais memoráveis do grupo.

VIKINGS

No esquete, um casal (Eric Idle e Graham Chapman) entra num restaurante viking para comer algo (detalhe, eles entram flutuando), mas tudo o que os dois pedem contêm esse presunto apimentado. Todos os tipos de lanche vêm com o tal presunto.

Por exemplo, quando a mulher pergunta para a moça da lanchonete o que tem pra comer, ela responde com o menu:

– Ovo com bacon;
– Ovo, linguiça e bacon;
– Ovo e Spam;
– Ovo, bacon e Spam;
– Ovo, bacon, linguiça e Spam;
– Spam, bacon, linguiça e Spam;
– Spam, ovo, Spam, Spam, bacon e Spam;
– Spam, Spam, Spam, ovo e Spam;
– Spam, Spam, Spam, Spam, Spam, Spam, feijões cozidos, Spam, Spam e Spam;
– Lagosta ao thermidor aux crevetes, com molho mornay, patê de frutas, brandy e um ovo frito com Spam por cima.

E-MAIL

Existem algumas versões sobre a criação do termo Spam na informática. A mais difundida é a de que, no final dos anos 1980, aqueles que queriam inviabilizar as primeiras discussões on-line usavam as mesmas palavras repetidamente, a fim de entupir um debate. Então, alguém sugeriu usar Spam como forma de demonstrar que o que estava acontecendo era chato e desnecessário.

ray tomlinson monty python spam

Na verdade, o spam pode ter sido criação do próprio criador do e-mail, Ray Tomlinson, conforme ele mesmo contou, em entrevista ao site The Verge:

Eu bati na tecla errada e copiei um monte de pessoas em algo que estava tentando enviar para uma única pessoa. Foi o primeiro spam.

Tomlinson, então, passou a chamar essas mensagens chatas e repetitivas de spam.

A ideia do nome deu tão certa que ela mesma se espalhou como spam, e assim, o termo surgiu como forma de indicar emails indesejáveis que só servem para entupir nossas caixas virtuais, assim como os lanches do esquete.

Thiago Meister Carneiro

Jornalista Especialista em Estudos Linguísticos e Literários, 41 anos na cara. Às vezes grava vídeos para o canal "Monty Python Brasil" no youtube e às vezes assiste Monty Python na Netflix. Autor dos livros "A História (quase) Definitiva de Monty Python" e "O Guia da Carreira-Solo dos Membros do Monty Python".

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