Reviews

Flying Circus: a importância de não ser visto

No dia 8 de dezembro de 1970, a série Monty Python’s Flying Circus nos apresentou um esquete maravilhoso: How not to be seen (Como não ser visto).

Sendo assim, vemos mais uma sátira ao modo como o governo britânico tentava – ou tenta – doutrinar a população (de uma maneira completamente esdrúxula).

01

O tal esquete foi ao ar no episódio 11 da segunda temporada (também conhecido como episódio 24).

FILME

Nos é apresentado um filme do governo britânico (N ° 42, parágrafo 6) apresentado para o serviço público, à maneira de um filme de informação pública.

Neste filme, o narrador (John Cleese), está tentando explicar a importância de não ser visto. Ou seja, tudo não passa da prepotência de um filme auxiliando o povo em algo inútil.

Acrescente isso ao fato de que o narrador tem leves momentos de prazer ao ver pessoas e edifícios explodidos.

EXPLOSÕES

O filme começa com uma paisagem em que há supostamente 40 pessoas, nenhuma das quais pode ser vista. Nela está o Sr. ER Bradshaw, que não pode ser visto.

O narrador pede para ele se levantar. Ele se levanta e leva um tiro.

Segundo o narrador, “isso demonstra o valor de não ser visto”.

Em outra paisagem está a Sra. BJ Smegma. O narrador pede para ela ficar de pé.

Novamente, ela se levanta e leva um tiro.

BOSQUE

A próxima cena é de um bosque com apenas um arbusto no meio. O Sr. Nesbitt é convidado a se levantar, mas não se levanta. O narrador explica que “o Sr. Nesbitt aprendeu a primeira lição de não ser visto: Não se levantar. No entanto, ele escolheu um disfarce muito óbvio”, então, o arbusto explode e um grito é ouvido.

Depois, mostra um bosque com três arbustos. Quem está se escondendo é o Sr. E.V. Lambert de Homeleigh, que apresentou uma charada ao narrador, escolhendo uma maneira muito inteligente de não ser visto. Apesar de que “não sabemos em qual arbusto ele está escondido, podemos descobrir em breve”.

O narrador explode o arbusto da esquerda, depois o da direita e, finalmente, o do meio, e o Sr. Lambert grita.

“Sim, era o do meio”, diz o narrador.

Em seguida, mostra uma área com vários lugares para se esconder. Nesta cena, o Sr. Ken Andrews se “escondeu muito bem. Ele poderia estar em qualquer lugar. Ele pode estar atrás da parede, dentro do barril, debaixo de uma pilha de folhas, em cima da árvore, atrás do carro ou agachado por trás de qualquer uma das centenas de arbustos”.

No entanto, graças ao narrador, “acontece que sei que ele está no barril”.

MAIS EXPLOSÃO

O barril então explode.

Há então uma cena panorâmica através de várias casas de praia ao longo do mar, enquanto o narrador explica que o Sr. e a Sra. Watson escolheram uma forma muito peculiar de não serem vistos. “Quando fomos até sua casa, descobrimos que eles tinham saído de férias. Eles não deixaram qualquer endereço de contato e ainda trancaram a casa toda. No entanto, um vizinho nos contou onde eles estavam”.

A câmera para em uma cabana no meio da praia. A cabana explode os Watsons, acompanhado pelos gritos do casal. De repente, mostra um Gumby (Palin), identificado como o vizinho que contou onde os Watsons estavam.

Ele explode, sobrando apenas as botas.

“Ninguém gosta de um espertinho”, explica o narrador.

O filme mostra uma casa (“Aqui é onde ele vivia”), que também explode. Depois muda para outra casa (“Aqui é onde o Senhor Langdon vivia. Ele se recusou a falar conosco”), que explode também. A imagem passa por várias casas (“Assim como o senhor que morava aqui, e aqui, e, claro, aqui”). Depois, explode Manchester, West Midlands, Espanha, China…

Thiago Meister Carneiro

Jornalista Especialista em Estudos Linguísticos e Literários, 41 anos na cara. Às vezes grava vídeos para o canal "Monty Python Brasil" no youtube e às vezes assiste Monty Python na Netflix. Autor dos livros "A História (quase) Definitiva de Monty Python" e "O Guia da Carreira-Solo dos Membros do Monty Python".

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *